FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
– Elipse: figura caracterizada pela omissão de um termo que pode facilmente ser identificado pelo contexto.
Ex.: Na janela, pardais e bem-te-vis. (omissão proposital de “havia”)
– Zeugma: figura caracterizada pela omissão de um termo já mencionado anteriormente.
Ex.: “Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã…” (Chico Buarque/Cotidiano)
Observação: “todo dia” é omitido em todas as orações que aparecem depois da primeira.
– Assíndeto: é a ausência de conectivos entre frases ou orações.
Ex.: “Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.” (Manuel Bandeira/Poema tirado de uma notícia de jornal)
– Polissíndeto: é a repetição ordenada de conectivos entre frases ou orações.
Ex.: “De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto…” (Vinicius de Moraes/Soneto de Fidelidade)
– Anacoluto: é a quebra da ordem lógica de uma frase por meio da introdução de uma ou palavra ou ideia deslocada.
Ex.: “O homem, chamar-lhe mito
não passa de anacoluto.” (Carlos Drummond de Andrade/Confissão)
– Inversão: é a mudança da ordem natural dos termos de uma frase.
Ex.: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante…” (Osório Duque-Estrada/Hino Nacional Brasileiro)
Observação: Na ordem direta, teríamos: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.
– Pleonasmo: figura caracterizada pela repetição de um termo (redundância) para aumentar a expressividade.
Ex.: “As minhas roupas, quero até rompê-las…” (Augusto dos Anjos/Queixas Noturnas)
Observação: Ocorre repetição de “as minhas roupas” por meio do objeto “las”. Nesse caso, diz-se que há um objeto pleonástico.
– Silepse: é a concordância com o gênero de um termo que não se encontra explícito na oração, mas que pode ser deduzido pelo contexto. Pode ocorrer silepse de gênero, de número ou de pessoa.
Exemplo 01: Lucíola, de José de Alencar, é maravilhoso! (concordância com o termo implícito “o livro”: silepse de gênero)
Exemplo 02: Minas Gerais se encontra na região sudeste. (concordância com o termo implícito “o estado”: silepse de número)
Exemplo 03: Todos fomos juntos ao teatro. (concordância com o termo implícito “nós”: silepse de pessoa)
– Anáfora: é a repetição de uma mesma palavra no início de frases ou versos.
Ex.: “Era um, era dois, era cem,
Era o mundo chegando e ninguém…” (Edu Lobo & Capinam / Ponteio)
FIGURAS DE SOM
– Aliteração: é a repetição ordenada de consoantes de mesmo som.
Ex.: “Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas…” (Cruz e Sousa/Violões que choram)
– Assonância: é a repetição ordenada de vogais de mesmo som.
Ex.: “Os olhos tristes da fita
Rodando no gravador
Uma moça cosendo roupa
Com a linha do Equador…” (Chico César/Beradêro)
– Paronomásia: é a utilização de palavras com sons parecidos em frases ou versos.
Ex.: “Não se atire do terraço,
não arranque minha cabeça
da sua cortiça.
Não beba muita cachaça,
não se esqueça depressa de mim, sim? (Chico Buarque/Leve)
– Onomatopeia: figura caracterizada pela criação de uma palavra para tentar reproduzir determinado som.
Ex.: Atchim! (em relação ao som do espirro); tic-tac (som do relógio); toc-toc (som de batida de porta).